quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Bairro onde nasceu “seu Nadinho” (Agnaldo Bernardo Rebelo) em fins da década de 20.

Quando me entendi como gente, me lembro da Liberdade como um imenso areal. Quando chovia, os bondes costumavam descarrilar. Ali, onde tem hoje o Pague Pouco, era antigamente o bar Irajá, de Boaventura dos Santos. Quem colocou calçamento na Liberdade foi Octávio Mangabeira. Antônio Carlos Magalhães foi outro que fez muito pelo bairro. Aqui tem muitos problemas; também, não sei se você sabe, ele é o segundo maior bairro do mundo, perdendo só para um outro existente na África, não sei em que país ou cidade. Também o vereador José Carlos Melo trabalhou muito pela Liberdade. Mas aqui tornou-se um lugar sem segurança.
Outrora, tínhamos homens que brigavam porque se respeitavam e exigiam respeito, não era para provocar bagunça. Agora, você vê a marginalidade crescendo assustadoramente e fica por isso mesmo.
Meu pai contava sobre o Corta-Braço, que ali se andava de facho na mão.
Havia ladrão de todo jeito, até usando saia. A Liberdade sempre foi barra-pesada.
Jogava-se muito sinuca, eu mesmo aprendi aos 12 anos. Estudei no Colégio Alípio Cruz, que ficava na Cruz do Pascoal e era a escola mais importante do lugar.
Não existia ainda o bairro Guarani. Era uma cocheira de vacas, o criatório de seu Dudu. Eu morei defronte. Muita gente descia muito cedo para tomar leite fresco.
A avenida Meireles não era como hoje, mas sempre foi um corredor de casas, hoje, está perigosa. Como a avenida Peixe, que era um lugar pacato e hoje e hoje virou quartel da marginalidade. Passei lá muitas vezes, indo para o campo do Tejo e nunca sofri constrangimento, mas agora está muito perigoso. Antigamente, os meninos estudavam no Abrigo Filhos do Povo e à tarde aprendiam um oficio. Os mais abandonados iam para o Colégio de São Joaquim – que formou grandes músicos – ou para a Escola de Menores, em Pitangueiras. Mas, hoje, fala-se que o filho está estudando, e ele está assaltando.
Ali, antes de entrar no Japão, em um correr de casas, há um oratório com um Santo Antônio. Ali é chamado o Iguatemi da Liberdade. Os barraqueiros colocaram ali o santo para festejar, e festejaram até hoje. Mas é um lugar onde só se vai para beber. O vício da bebida está fazendo os homens até se esqueceram das mulheres.

Mãe Hilda (Hilda Dias dos Santos) guarda recordações semelhantes às de seu Nadinho.
A Liberdade chamava-se Estrada da Boiada. Era barro com areia e por ali é que passavam os bois que vinham de Feira de Santana por Pirajá e pela Estrada da Boiada, para descer a Areia do Canto da Cruz, a caminho do Retiro. Para chegar até aqui, naquela época, era difícil. Vinham-se também por Calçada e por San Martim. Pela Baixa do Sapateiro, tinha que se passar na Lapinha. E vindo da Cidade Baixa, subia-se pelo Largo do Tanque.
O bairro do Curuzu surgiu da necessidade de moradia. No Curuzu não havia casas. O pessoal começou a arrendar. Os donos do lugar eram os Martins Catharino. As pessoas foram arrendando e fazendo suas casas. Hoje, só tem os filhos daquelas pessoas. Ali, naquela casa próxima a nós, moravam Crispiniana e o marido, Wenceslau.

Dona Sinhazinha (Josefina Gomes dos Santos) passou a infância na área da Liberdade que se chama Corta-Braço.

Eu morava no Corta-Braço, naquelas casas ali em frente. A proprietária da minha mãe, eu ouvia meus irmãos dizerem que se chamada dona Cota. Aquele Pero Vaz ali era todo dela. Quem mandava e desmandava era ela. De lá, meu pai me trouxe para a Alvarenga Peixoto, quando eu era ainda bem pequena. Fui criada no Abrigo do Povo, com muito orgulho.

Sr. Milton Quaresma Dórea Filho, cujos pais sempre moraram na Liberdade, escutava da avó referências à antiga Liberdade, que não diferem muito do que acima se falou.
O que ela contava era o seguinte: começou como Estrada da Boiada. Pero Vaz era chamado Corta-Braço, trecho em que havia poucas casas. Contava-se uma história de que, quando anoitecia, não se podia entrar na Pero Vaz, porque era só dos marginais aquele pedaço. Isto há 70 ou 80 anos, porque minha avó faleceu com uns 90, há 20 anos.
 Quando minha avó veio para cá, dona Júlia Junquilho Pereira, o final da linha do bonde era na Lapinha. De lá, tinha-se que vir andando. A Delegacia de Polícia era aqui vizinha da loja que pertencia a minha avó, depois veio meu pai, casou-se com minha mãe e ficou morando aqui na loja.
Minha avó era sergipana, uma mulher muito valente que usava vestidões compridos e bolsos, onde sempre havia um revólver. Viúva, morava sozinha com a filha, que veio a ser minha mãe. Todo mundo na Liberdade respeitava dona Júlia, até mesmo o pessoal famoso do Corta-Braço tinha esse respeito. Ela mantinha uma tradição de fazer fogueira de São Jõao.
Uma fogueira de três metros de altura que levava sete dias queimando. Uma ocasião, um marginal valentão do Corta-Braço que morava aqui perto mandou recado para ela apagar a fogueira que a fumaça estava incomodando. A resposta foi que ele mesmo viesse apagar. O valentão nunca apareceu.
A família do Sr. Milton Dórea é das que deram sua contribuição para o ensino no bairro da Liberdade. O Sr. Milton Quaresma Dórea, baiano, meu pai, quando se reformou da Marinha, no posto de tenente, em Mato Grosso, retornou para Salvador.
Conheceu minha mãe, casaram-se, Inicialmente, abriram uma escola de datilografia, que progrediu, tornando-se a Escola Dórea, do pré ao primário. Não sendo professor, ele cuidava da administração e tinha o professor Wilson como diretor. Por muitos anos a Escola Dórea funcionou como uma tradição do bairro.

Embora nascido na rua Direta de Santo Antônio, Sr. Arquimedes Silva veio residir na Liberdade, desde os 8 anos de idade. Hoje, é presidente da Federação dos Clubes Carnavalescos da Bahia, confirmando sua vocação para os festejos momescos. Suas recordações coincidem com outras, reproduzindo muito do que já foi dito sobre a origem da Liberdade e acrescentando novas informações muito interessantes.
Da minha lembro que todo mundo que viesse do interior deveria passar pela Liberdade, por ser o único acesso da estrada de Feira de Santana. Feira era a cidade que tinha a maior criação de gado, por isso, os bois destinados ao matadouro do Retiro, obrigatoriamente, entrariam pela Liberdade, o que deu àquela via de acesso a denominação de Estrada da Boiada. Também a Pero Vaz não tinha esse nome e, sim, Corta-Braço. Era uma estrada de 2m30, de chão de barro, sem iluminação. O local mais violento da Liberdade. Na minha infância, o bonde ia somente até o largo da Lapinha. Da usina elétrica em diante, tudo era uma estrada de barro de 3 metros de largura. Quem saltava na Lapinha tinha que andar por uma estrada de pouco mais de 2 metros de largura, até o largo do Ouro, incluindo o Japão, era tudo alagado como um dique.
O bairro Guarani não existia, ali era Corta-Braço, que hoje é o Pero Vaz e Curuzu. Aquela residência na entrada do Corta-Braço era um campo de futebol, uma roça de dona Rosa. Como também era campo de futebol ali em frente, onde hoje é a delegacia. Tinha o Meireles, local muito pobre. E um outro conhecido como Baixa da Égua, que ficava abaixo da área onde é hoje o Colégio Duque de Caxias que, na época, era um dique.
Ali, na entrada da Lapinha, era uma escola, a Arão Carneiro, mas não conheci o educador Arão Carneiro. Havia também na Liberdade a escola Abrigo dos Filhos do Povo, que era dirigida pelo pai de irmã Dulce. Foi na mesma época em que surgiu o Corta-Braço.

Autêntico filho da Liberdade é o Sr. Lídio Ferreira de Oliveira. Nascido no Estica em 1930, são, sobretudo, dessa área as suas recordações.

Essa comunidade (Estica) começou já há muitos e muitos anos, porque minha mãe já morreu na base de 90 anos e ela foi uma das primeiras moradoras. Antes, não morava gente aqui. Esse lugar era a Fonte do Estica, coberta de mato, como se fosse uma casa para uma pessoa morar. A denominação refere-se a como vivia o povo, em um estica-estica danado para pegar água. Essa invasão começa ali na entrada do Curuzu, é da mesma época da invasão do Corta-Braço. Depois dessas invasões, foi que a Liberdade começou. O último lugar foi a Baixada da Ègua. Mas, independente da fonte do Estica, havia também duas outras fontes, a fonte dos Frades e a Gengibira, que atendiam às necessidades do povo.

Homem de comunicação nas rádios, além de políticos, Sr. Antônio França Teixeira residiu no bairro entre 1956 e 1974. Conta que viveu na Liberdade parte da infância e a adolescência inteira.
Nunca de lá me afastei, a não ser nos últimos cinco ou seis anos, porque a violência ali cresceu muito e providências para contê-la, se existem, não as vejo.
Das lembranças mais ternas que me ficaram na memória, uma é o bonde que saía do bairro Guarani e ia até o viaduto da Sé. Andar nos bondes “paraquedando” era motivo de muita alegria e felicidade, mormente quando se conseguia burlar a vigilância do cobrador e não pagar a passagem. Estudei todo curso primário no colégio Abrigo dos Filhos do Povo. Lembro muito do seu mantenedor, o Dr. Augusto Lopes Pontes, pai da nossa imperecível Irmã Dulce Lopes Pontes. Recordo, com saudade, dona Ester, dona Olga, a diretora do Colégio, e muitas outras pessoas daquela casa. Com muito orgulho, fui também aluno do Colégio Estadual Duque de Caxias. Minha vocação política nasceu ali, nas participações do Grêmio, e desenvolveu-se nas campanhas de José Carlos Melo. Uma novidade naquele tempo, foi um homem, senhor Marco Antônio (aposentado do Banco do Brasil), ensinando no Abrigo dos Filhos do Povo, que era uma escola primária.

Mestre pela PUC, autor da dissertação “A constituição do Bairro da Liberdade”, professor Bartolomeu de Jesus Mendes, o “Bartola”- para seus alunos -, é senhor de vasto conhecimento sobre seu bairro.
Nasci em Maragogipe, à margem esquerda do rio Paraguaçu. Já com 7 anos de idade ia passar tempos com um tio que invadira uma pequena área na Liberdade, chamada Estica, hoje denominada Tupi Caldas. Em 1965, vim prestar serviço militar e fiquei.
Sobre a formação do Estica as informações dão conta de ter sido uma área na apropriada, cujo proprietário, senhor Cohim, que morava no largo da Soledade, tinha dívidas com a prefeitura. O senhor Cícero Gabriel, porém, informou-me outros detalhes, segundo os quais, a invasão teve início porque havia uma família numerosa, de pessoas foram ao terreno, limparam e levantaram um barraco. Dentro de poucos meses, porém, vieram muitas outras famílias e instalou-se a invasão, motivo pelo qual o Sr. Cohim deixou de pagar o aforamento. Assim surgiram o Estica e o Corta-Braço.
O bairro Guarani era uma fazenda, a fazenda Conceição, na qual seu Dudu tinha um estábulo e vendia leite. Quando eu batia umas bolinhas ali embaixo, depois ia tomar banho na fonte pública e roubar frutas de seu Dudu que nos dava muitos carreirões. A fazenda estendia-se até os lados da Gengibira, parte de São José de Cima e Largo do Tanque.
O Largo do Tanque, em 65, era um local muito pequeno, tinha muita lama. Chamava-se Tanque do Meio. Onde existe hoje a Fonte do Capim, há uma subida que vai para o Peru, ali, ainda se chama Ilha do Tanque do Meio. Saiu, certa vez, no jornal A Tarde, uma reportagem dando conta de que, onde está o Viaduto dos Motoristas, havia uma geradora que fornecia energia para a fábrica dos Fiais. Essa fábrica foi importante para muita gente como ganha-pão, não só operários, mas as mulheres que vendiam mingau na porta da fábrica e outras pessoas em iguais condições.
Já a questão da Estrada da Rainha é mais recente. Não sei muito sobre isso por ser uma parte que está fora do meu projeto, não é uma área que pertença precisamente ao bairro da Liberdade. Pelo que sei, depois da vinda de D. João VI, em 1808, dizem que aquela via foi aberta para passagem da rainha. Em frente à Estrada da Rainha fica a ladeira do Canto da Cruz. É um local histórico. Ali, aconteceu um embate por ocasião da Revolução dos Malês. Na subida, tem a imagem de uma santa. Antigamente, os que ali passavam jogavam dinheiro. Foi daquele local que os malês, sentindo-se vencidos naquela batalha, fugiram para os Mares. Canto da Cruz, ou Água Brusca, era uma via de acesso da cidade baixa para a ladeira da Soledade, que é onde acabava a cidade. Moravam ali famílias importantes, como os Bandeira, que tinham na ladeira uma mansão, na qual havia um terraço voltado para o mar, um mirante espetacular. Nessa época, ainda não tinham aterrado Água de Meninos, o que aconteceu depois de Seabra.
Na Lapinha, existe um baluarte. Foi colocado depois da invasão de Maurício de Nassau, que entrou por Praia Grande e atingiu a igreja. O forte do Barbalho também foi construído para proteger o lado norte da cidade. Esses acontecimentos fazem daquela área, Água Brusca, Soledade, Lapinha e Barbalho, um centro histórico.
No ano de 1946, surgiu a primeira invasão de Salvador. No Corta-Braço, provocada por sem-tetos. A história vem de longe. Até 1802, a Liberdade era zona rural. O fim da cidade era na Soledade. A Lapinha estava fora do perímetro urbano. A zona rural era ladeada por propriedades de religiosos, sítios, chácaras, etc. Com o advento do progresso,os pardieiros, situados na Sé, Garcia, Passos, nos quais se alojava a população não branca, de baixo poder aquisitivo, começaram a ser demolidos, então o pessoal de poucos recursos migrou para o norte, onde a Península ligava-se a outras partes, como a Liberdade. Por outro lado, as classes dominantes que residiam em freguesias como a de Santo Antônio, por exemplo, sentiam-se inferiorizadas pelo convívio com famílias de condição social mais baixa, e, aos poucos, foram-se transferindo para lugares mais nobres, ao sul da cidade, como Barra e Vitória. Por esse período, também estava acontecendo o fluxo migratório das populações interioranas, que se dirigiam a Salvador, como opção de melhoria de trabalho, etc. Sem condição para receber tanta gente, a cidade cresceu para a zona tida como rural, aconteceu o surgimento de novos bairros.
O antigo Corta-Braço, que teve início com aquelas invasões, corresponde hoje a Pero Vaz, pegando do Meireles até a rua Conde de Porto Alegre, que dá acesso ao bairro do IAPI.
Não havia líderes para as invasões. Grupos instalavam-se como rendeiros e acabavam unindo-se a outros grupos, aconteciam embates com a política, e iam sendo formados os novos bairros.
Nos anos 46 e 47, o Partido Comunista, que estava em efervescência, e coagido à clandestinidade, começou a envolver-se, mas nunca foi líder das invasões. O movimento era do povo carente de habilitação.

Grandes recordações tem o Sr. Geraldo Leal, que se revela conhecedor de famílias e prédios tradicionais da Lapinha e Soledade.

Há duas versões para a origem da Estrada da Rainha. São coisas interessantes, até a nomenclatura tradicional dessas ruas era cheia de poesia. Todos esses nomes deveriam ser mantidos, são históricos, Salvador é uma cidade histórica.
Dizem que, quando D. Pedro II passou aqui em Salvador, esteve visitando as Quintas dos Lázaros, ali, onde hoje é o Arquivo Público, passando pela rua que liga a Soledade às Quintas. Como a rainha o acompanhava, chamaram à rua Estrada da Rainha. A outra versão conta que, uma vez que aquela rua dá acesso ao Cemitério de Quintas, e o povo costuma chamar a morte de rainha, nada mais natural que seja ali a Estrada da Rainha.
Sobre a ladeira do Canto da Cruz, a coisa mais bonita é o nome. Ninguém sabe a razão do nome. Do meu tempo pra cá não vimos , referência à existência de alguma cruz naquele local. Ela tem início no sopé das ladeiras São José de Cima e São João de Baixo que se encontram com a base da ladeira da Soledade. Descendo na direção de Água de Meninos, vem a ladeira do Canto da Cruz. Sempre foi calçada com pedras coração-de-negro e sempre foi esburacada como hoje.
Quanto à Lapinha, o Corredor começa ali onde acaba o largo da Soledade. Nesse largo, encontra-se a escultura de Maria Quitéria. O Corredor era uma rua estreitinha. O bonde que subia já era elétrico, inaugurado em 1913. O anterior, puxado a burro, não subia a Soledade para ir à Lapinha, ficava lá embaixo indo para Calçada.
Lembro-me bem, foi em 29 de janeiro de 1913 que se inaugurou o bonde elétrico na Lapinha. O pessoal todo acorreu, as sacadas ficaram apinhadas de gente, as moças carregando flores, uma festa! O bonde atravessou o Marback, entrou pelo caminho de Ramos de Queiroz, da Escola Técnica pelo fundo, chegou à Baixada da Soledade e subiu para a Lapinha. Isso era a substituição dos bondes puxados a burro pelos elétricos. Na Liberdade, o bonde entrou em 1929 ou 1930.
Muito mais tarde, o Corredor da Lapinha foi alargado. Era o governo de Antônio Carlos Magalhães. Derrubou todas as salas de visitas, porque nas casas antigas havia salas de visitas. Mas por muito tempo a rua ainda estreita, o bonde, de início, passava pela única linha, não havendo outra para retorno. Quando um carro chegava no final do largo da Soledade, para entrar no Corredor, teria que receber sinal verde de uma sinaleira colocada no alto. Se o sinal estivesse vermelho, era aviso de que outro bonde estava na Lapinha, era preciso esperar o que retornasse pegar o desvio para aquele entrar no Corredor. Lembro-me de que o carro da Lapinha tinha a numeração 25 e o da Liberdade era o 8. Conheci alguns motorneiros, um deles era até meu compadre, o Guimarães, que trabalhou na cidade baixa. Também conheci um outro que dirigia o 83, linha de Santo Antônio.

Senhor Antônio de Souza Bispo, artista plástico, aposentado da Aeronáutica, nascido na Liberdade, registra sua memória.   
Nasci na Liberdade em 15 de fevereiro de 1936. Morei no Alonso, perto do Corredor da Lapinha. Saí do bairro em 1953, quando fui para Recife. Em 56, entrei para a Aeronáutica onde passei 35 anos e me aposentei em 1984. Meus pais foram Bartolomeu Quirino Bispo e Alzira Souza. Quando morei na Liberdade, já existia o Corta-Braço.
O transporte era feito de bonde. Estava começando o costume de carros de lotação. Um colega meu, Olímpio, era filho de dono de carro lotação, uma rural Aero Willys.
Estudei no Arão Carneiro cuja diretora era professora Laura Baraúna, moradora da Lapinha. Ta, que morava no Papagaio. Depois, no Carneiro Ribeiro. Tinha estatura média, era branco, de olhos claros, muito enérgico, mas uma boa pessoa. Tinha coração enorme. Ele tinha um problema de surdez e, quando não usava o aparelho, os alunos faziam muitas brincadeiras indelicadas com ele.
Meu ginásio, concluí no Instituto Baiano de Ensino, do professor Hugo Balthazar d Silveira, no Campo da Pólvora. Em seguida, terminando o ginásio, fui para Recife ficar com minha irmã.


Livro Salvador era assim, Vol. 2 autora Gláucia Lemos.








3 comentários:

  1. Muito interessante o texto acima. Eu conheço um pouco da história do bairro. Eu residí na invasão nos fundos do colégio Duque de Caxias, no idos de l947 a 1950. Havia no local um senhor Alfredinho que trabalhava na Shell. Era motorista e tinha como "bico" o aluguel de bicicletas e tinha em mim um dos seus fregueses. Ao lado dele morava o Santinho que era vizinho de Arcanja. Os fundos da casa de Alfredinho dava para os fundos de Rosi Pimentel.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom!ainda más vindo do filho do bairro da liberdade,o Sr Agnaldo Bernardo Rebelo.meu pai!

    ResponderExcluir