quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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Rua do Curuzu

http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=7&cod_polo=105

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Diversidade



http://www.youtube.com/watch?v=hh-F--QGMUY&feature=player_embedded

A História Parte - 2

A História





http://www.famososquepartiram.com/2011/08/maria-quiteria.html

Maria Quitéria



http://www.google.com.br/imgres?q=bairro+da+liberdade+ba&um=1&hl=pt-BR&biw=1366&bih=667&tbm=isch&tbnid=IJszxAx7webfwM:&imgrefurl=http://www.famososquepartiram.com/2011/08/maria-quiteria.html&docid=_eCpTkH7qRS9QM&w=1600&h=1200&ei=xxGETqaXGY7TgQft36UZ&zoom=1&iact=hc&vpx=183&vpy=154&dur=6794&hovh=194&hovw=259&tx=156&ty=121&page=1&tbnh=144&tbnw=184&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:0,s:0
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Escola Estadual Pierre Verger


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sábado, 24 de setembro de 2011

No meu tempo de criança a Liberdade era assim

No meu tempo de criança a Liberdade era
(Entrevistado)
                                    
No meu tempo de criança a Liberdade nada mais era que uma Fazenda; havia muitos pés de bananas a cacau, jaqueiras, mangueiras, havia gados pés de mamão da Índia havia cafezais. A liberdade hoje perdeu essas características ficaram para traz, onde chegaram a evolução a modernidade, - a fazenda deu espaço para o asfalto a água encanada as luzes os carros as motos, vieram as televisões- . A liberdade se tornou um bairro residencial e comercial que ganhou vida própria as pessoas não precisam se deslocar para comprar roupas, tem seu shopping. Com a evolução vieram os problemas assim como outros bairros do mundo inteiro a criminalidade a falta de Políticas Públicas a falta de maternidade a falta de uma escola técnica, a falta de área de lazer para as crianças, campo de futebol. Mas também as coisas boas, os blocos carnavalescos.  A Liberdade em si é um bairro cultural tem poetas, atores e músicos. Eu sou um arquivo vivo da cultura dessa nação chamada Liberdade sou escritor, poeta, ator, sócio fundador do grupo Pórtico grupo de literatura. Com toda tecnologia, com toda informação, facilidade, com todo desenvolvimento sinto saudade do tempo de outrora. Onde as pessoas podiam ficar nas portas e janelas de suas residências, dormiam de portas abertas. Não havia maldade, as pessoas não precisavam fazer de suas residências uma prisão, tempo em que as crianças eram crianças. Tempo que se tinham valores, o respeito era mútuo, em que as crianças podiam brincar sem receio, hoje as crianças tem que ser vigiadas 24h por dia para não se perderem na vida. A tecnologia trouxe coisas boas trouxe o mundo para dentro de casa, mas também trouxe muitas informações deturpadas. Os nossos hoje estão se perdendo no mundo das drogas. Houve épocas em que os filhos interavam seus pais, mais hoje os pais interam seus filhos. Perdendo para o mundo do crime, para as drogas isso por falta da presença da mãe no dia a dia de seus filhos, pois estas estão saindo muito cedo de suas residências para trabalhar assumindo muitas vezes o papel da mãe e do pai ao mesmo tempo. Crianças essas que ficam expostas ao mundo escuro.
Ainda existem aqui no bairro procissões, pessoas que ainda rezam Santo Antônio, o tradicional caruru de setembro, o candomblé, os blocos juninos.
Ainda são conservadas as amizades antigas, nasceram-se varias ruas, becos.
A Liberdade é uma fronteira para com acesso a vários bairros exemplos Iapi, Pero Vaz, Largo do Tanque, Pau Miúdo, Barbalho, Calçada, Fazenda Grande, Santa Mônica, San Martins e  a famosa Praia Canta galo, Feira de São Joaquim.
Apesar de ter nascido na cidade no bairro da Liberdade tive uma criação de garoto do interior, minha mãe uma sargentona que não me dava espaço para brincar com os colegas na rua, quando ia comprar o pão e qualquer outra coisa, embora não merecesse, mas apanhei muito por parte de minha mãe. De meu pai nunca levei um beliscão com ele era, mas na conversa.  Apesar da vida dura que tive de muita humildade, mas de boa educação doméstica, hoje me sinto uma pessoa realizada, hoje visto como o que eu sinto vontade. Me sinto uma pessoa rica em relação a pessoas da minha época e da sociedade em que eu vivo.  Minhas filhas hoje já tem uma educação privilegiada. E para elas uma grande vitória que é o saber. Faculdade na minha época era coisa de políticos, famílias nobres, brancos, os negros não tinham esse espaço tanto como hoje. Hoje já temos juízes, já tivemos um Presidente da República que era torneiro mecânico – operário. Delegadas e delegados negros, ministros, coisa que em algumas décadas atrás era impossível. Isto para mim é uma grande vitória apesar de ser Bahia time de coração, mas tudo isso nada mais é uma vitória para mim que sou negro.  Apesar de não concordar com essas Políticas Públicas, onde o trabalhador tem que trabalhar 149 dias ano só para pagar impostos. O Brasil é um dos países que mais se paga imposto no mundo é não vejo ser retornado para o povo, como deveria ser, exemplo; deveríamos ter escolas, hospitais, rodovias, professores, deveriam ser bem mais remunerados, mais bem qualificados para garantir uma boa educação aos alunos de primeiro mundo, o que nós vemos as pessoas morrendo nas filas dos hospitais, alunos mau preparados, professores mau remunerados e outros trabalhadores. No entanto os políticos, com dois mandatos podem se aposentar e ganham salários exorbitantes muita das vezes criam leis que sacrificam ainda mais a vida dos pobres trabalhadores deveriam eles serem assalariados como os demais trabalhadores e serem remunerados de acordo índice do Dieese. Haja vista que além desse salário popançudo ainda ganham por sessões, quando aprovam projeto, sem contar não agravando a todos ainda existem as fraucatuas. Deveria-se acabar com essa tão imunidade parlamentar, deveria responder como qualquer ser humano comum. Mais isso também cabe a nós nos organizarmos e irmos as ruas cobrarmos para que sejam feitas uma revisão, também na Constituição que já está um tanto ultrapassada. Fazer uma varredura na vida de todos os políticos e só deixar dar continuidade os que realmente são íntegros e os demais serem todos caçados.   
O Brasil hoje está se tornando colônia, pois quase todos os estados já se paga pedágio a Bahia é um exemplo, nosso governador Jaques Wagner em licitação acredito eu concedeu a Expresso Bahia a explorar as nossas rodovias com pedágio criando-se um curral. Pergunto eu e onde está o direito de ir e vim, se eu tenho que pagar pedágio, isto é falta de Políticas Publicas, pois já pagamos impostos para o Governo aplicar na conservação de estradas e rodagens, cito aqui, pagamos; IPVA, já existe o imposto embutido no combustível, acredito eu que esse dinheiro está sendo empregado em outros fins. Espero alcançar um Brasil mais justo, onde as pessoas possam orgulhassem de serem brasileiros como cidadãos, vendo os impostos serem aplicados corretamente na saúde, na educação e em obras sociais.

A Liberdade na rede


O BAIRRO DA LIBERDADE

http://www.smec.salvador.ba.gov.br/net/piraja/liberdad.htm  
                                                          SOTEROPOLITANOS

http://soteropolitanosdaliberdade.wordpress.com/


                                      FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATOS
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=7&cod_polo=37

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quando começou

A história do bairro da Liberdade se confunde com a própria formação da cidade. Nome cheio de significado para um lugar que, embora poucos saibam, teve um papel marcante na história da Bahia e do Brasil.
Antiga Estrada das Boiadas- nome de origem do bairro, era por onde passava o gado das fazendas que vinham de Feira de Santana por Pirajá para o abatedouro do Retiro.
Foi pela mesma Estrada que o exército nacional entrou na cidade de Salvador no dia 2 de julho de 1823, para combater as tropas do general Madeira de Melo, lutando e proclamando a Independência da Bahia, que consolidou o fim do Domínio português no Brasil. Avançaram até alcançarem o Terreiro de Jesus, colocando-se diante do templo que hoje é a Catedral Brasílica, antes de irem se aquartelar em diversas pontes da cidade, alguns contingentes ocupando conventos e seminários, por falta de instalações militares suficientes.
Com isso o bairro da Liberdade passou a ser chamado de bairro da Liberdade.
De um lado, estava o desejo de Portugal em preservar parte do Brasil como colônia e, do outro, todos aqueles que, enfrentaram o desafio de uma luta de improviso, de sítio, de determinação em não consentir uma pátria dividida.
Na primeira fase, até o conhecimento, na Bahia, da proclamação da Independência, aclamação de D. Pedro como imperador e sua coroação, todos os documentos revelam claramente uma política de pacificar. As divergências são entre pai, rei e filho, príncipe. Nos dois lados há portugueses. Uns a defender a recolonização, outros a independência. A comunicação entre os centros de decisões era demorada e difícil. Ante os ideais, sobrepõem-se os interesses. Na cidade, os comerciantes garantiam uma atividade que, a partir de 1808, se mostrava promissora num mundo novo, industrial. Do outro lado, no Recôncavo, a lavoura, os bens asseguravam a posse de terras, reforçando a decisão de permanecer na sua propriedade. Preservar era lei. E entre as disputas, ficou a classe trabalhadora, o povo, os escravos a serem arregimentados, ora pelos comerciantes, ora pelos senhores proprietários, a cogitar que podia ser exercida a Revolução dos Alfaiates de 1798.
Receios, medos sofre o imperador e, a 7 de abril de 1831, abdica D. Pedro, criando nova situação, novos problemas. Neste período há outras revoltas. A de Guanaes Mineiro, que chega a estabelecer governo em Cachoeira, a Revolta dos Malês, de escravos e libertos, na Bahia, no ano de 1835, e a Sabinada,
Ainda no contexto histórico, a Liberdade sediou alguns quilombos nos tempos que precederam a Abolição da Escravatura. Com a Lei Áurea, esses núcleos de resistência acabaram dando origem à população negra de hoje, superior a 300 mil habitantes, sendo um dos bairros mais populosos de Salvador. Nele, encontramos uma vida, comercial e financeira independente, com uma rede de bancos e uma infinidade de lojas na principal via do bairro, a Avenida Lima e Silva nome do comandante substituto de Labatut, chefe do Exército Pacificador, - à frente das tropas brasileiras-.

Próximos dali também estão o Plano Inclinado, que liga a Cidade Alta com a Baixa, o antigo Cine Brasil, que dará espaço a um centro cultural, o Colégio Duque de Caxias marco do ensino médio na Liberdade, a Feira do Japão que parte do comércio que atende bairros vizinhos, que é sem dúvida a atividade mais importante da região que abastece de verduras, frutas, hortaliças e de outros produtos alimentícios além de flores, plantas, chás, panelas, roupas e animais vivos ou abatidos a população da Liberdade.
A Liberdade é cercada por outros bairros igualmente populosos, como Pero Vaz; antigo Corta-Braço, onde surgiu no ano de 1946, a primeira invasão de Salvador provocada por sem-tetos, Cidade Nova, Pau Miúdo e Caixa D’ Água e o bairro Guarani; antiga fazenda Conceição. A maioria da população é carente, com renda per capita média de 2,5 salários mínimos.
A história da primeira invasão vem de longe. Até 1802, a Liberdade era zona rural. O fim da cidade era na Soledade. A Lapinha estava fora do perímetro urbano. A zona rural era ladeada por propriedades de religiosos, sítios, chácaras, etc. Com o advento do progresso, os pardieiros, situados na Sé, Garcia, Passos, nos quais se alojava a população não branca, de baixo poder aquisitivo, começaram a ser demolidos, então o pessoal de poucos recursos migrou para o norte, como a Liberdade. Por outro lado, as classes dominantes que residiam em freguesias como a de Santo Antônio, por exemplo, sentiam-se inferiorizadas pelo convívio com famílias de condição social mais baixa, e aos poucos, foram-se transferindo para lugares mais nobres, ao sul da cidade, como a Barra e Vitória. Por esse período, também estava acontecendo o fluxo migratório das populações interioranas, que se dirigiam a Salvador, como opção de melhoria de trabalho, etc. Sem condição para receber tanta gente, a cidade cresceu para a zona tida como rural, acontecendo o surgimento de novos bairros.
Como o antigo Corta-Braço hoje Pero Vaz, que teve inicio com aquelas invasões, até a rua de Porto Alegre, que dá acesso ao bairro do IAPI.
Para o responsável pela Administração Regional da Liberdade, Wellington Sacramento, o maior problema do bairro é a falta de infra-estrutura, incluindo saneamento básico.

No bairro existe um conjunto de ruas cujos nomes estão ligados à atividade do comércio e do gado, entre essas uma das mais famosas e a rua do Curuzu. Rua considerada “bairro” por sua população e importância, situada entre a Liberdade e a Avenida General San Martin, surgiu da necessidade de moradia. No Curuzu não havia casas. As pessoas começaram a arrendar. Os donos do lugar eram os Martins Catharino.  

O Curuzu nome que vem de um forte que foi tomado depois de muita resistência e heroísmo dos paraguaios contra as tropas do Brasil, Argentina e Uruguai que na época serviam como marionetes do poder imperial da Inglaterra. O Forte do Curuzu foi tomado na Guerra do Paraguai no dia 2 de setembro de 1866.

A resistência paraguaia é a mesma na Ladeira do Curuzu levada a cabo pela população local, em sua maioria afrodescendente. Lá estão os verdadeiros lutadores pela igualdade racial e igualdade de oportunidades, tem uma população de 23.108 habitantes, concentrada em ruelas e baixadas adjacentes. Há uma identidade própria, marcada principalmente pela história e cultura e presença do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil.
O Curuzu tem um comércio “de vizinhança” bastante ativo, embora pouco diversificado, e com alto índice de informalidade ( de acordo com o senso apresentado pelo Sebrae em 2005, de 378 negócios ativos identificados no bairro, 226 são informais e 152 formais. São 299 empreendimentos empresarias e outros 79 de cunho cultural e social). No Curuzu, com em toda a Liberdade, os moradores ainda se encontram litígio judicial pela posse do terreno ocupado há mais de 50 anos. Por falta de espaços, as casas são construídas em cima de lajes, característica encontrada na maioria dos bairros populosos de ocupação irregular em Salvador. É o que os estudiosos chamam de verticalidade nas construções, que também acontece em função de questões culturais e financeiras.






Esse Bairro tem história

·          do candomblé de D. Arcanja na Meireles;
·         dos Cines São Jorge (antigo Liberdade) e cine Brasil;
·         da capoeira de Mestre Valdemar no Corta-Braço;
·         dos afoxés de Zé do Gude na Meireles e de seu caboclo na Avenida Peixe;
·         das padarias da Vitória e São José;
·         da Escola Doria de datilografia;
·         das sorveterias Irajá e Ventura;
·         do baile de Zacarias na Boa Fé;
·         de Dona Marta, a vendedora de pamonha de milho, sentada em frente ao Colégio Duque de Caxias, e da vendedora de beiju molhado na escadinha;
·         dos médicos de família Dr. Jorge e Dr. Alberto Leal;
·         do Foto Ideal;
·         de Valzinho alfaiate;
·         de seu Doca do Jegue lá do Vitor Serra, carregador de água e ganhador por diversas vezes, da carroça mais bonita na Lavagem do Bonfim;
·         do armarinho Aleluia;
·         do grande Mário Gusmão, artista (conhecido mundialmente) na Avenida Peixe;
·         do motorista João que passava “apitando” para a criançada;
·         do radialista do serviço de altofalante
·         dos professores Poty e Vitória;
·         da Livraria Liberdade;
·         da invasão do Corta-Braço (liderada por mulhares);
·         do boxeador Montenegro;
·         da fonte do Estica;
·         das piadas da Avenida Peixe;
·         do antigo abrigo de ônibus em frente aoa Duque;
·         de figuras lendárias como Sete Molas, de Zacarias Boa Morte, do sapateiro Cassiano, do eletricista Macação, de Maria do Mingau, da destemida cigana dona Preta, (mulher do Mestre Valdemar) de Bico de Bule, de Dete do bar no Pero Vaz;
·         das agremiações carnavalescas Muzenza, Estudantes, Deixa Disso, Desajustados, Barradas, Magnatas, Bafo-de-Onça, Filhos da Liberdade, Netos de Ghandy... E entre tanats outras expressões, a Liberdade do Ilê Aiyê.
Darci Xavier*


Livro Um país Chamado Liberdade Fundação Gregório de Matos








Bairro onde nasceu “seu Nadinho” (Agnaldo Bernardo Rebelo) em fins da década de 20.

Quando me entendi como gente, me lembro da Liberdade como um imenso areal. Quando chovia, os bondes costumavam descarrilar. Ali, onde tem hoje o Pague Pouco, era antigamente o bar Irajá, de Boaventura dos Santos. Quem colocou calçamento na Liberdade foi Octávio Mangabeira. Antônio Carlos Magalhães foi outro que fez muito pelo bairro. Aqui tem muitos problemas; também, não sei se você sabe, ele é o segundo maior bairro do mundo, perdendo só para um outro existente na África, não sei em que país ou cidade. Também o vereador José Carlos Melo trabalhou muito pela Liberdade. Mas aqui tornou-se um lugar sem segurança.
Outrora, tínhamos homens que brigavam porque se respeitavam e exigiam respeito, não era para provocar bagunça. Agora, você vê a marginalidade crescendo assustadoramente e fica por isso mesmo.
Meu pai contava sobre o Corta-Braço, que ali se andava de facho na mão.
Havia ladrão de todo jeito, até usando saia. A Liberdade sempre foi barra-pesada.
Jogava-se muito sinuca, eu mesmo aprendi aos 12 anos. Estudei no Colégio Alípio Cruz, que ficava na Cruz do Pascoal e era a escola mais importante do lugar.
Não existia ainda o bairro Guarani. Era uma cocheira de vacas, o criatório de seu Dudu. Eu morei defronte. Muita gente descia muito cedo para tomar leite fresco.
A avenida Meireles não era como hoje, mas sempre foi um corredor de casas, hoje, está perigosa. Como a avenida Peixe, que era um lugar pacato e hoje e hoje virou quartel da marginalidade. Passei lá muitas vezes, indo para o campo do Tejo e nunca sofri constrangimento, mas agora está muito perigoso. Antigamente, os meninos estudavam no Abrigo Filhos do Povo e à tarde aprendiam um oficio. Os mais abandonados iam para o Colégio de São Joaquim – que formou grandes músicos – ou para a Escola de Menores, em Pitangueiras. Mas, hoje, fala-se que o filho está estudando, e ele está assaltando.
Ali, antes de entrar no Japão, em um correr de casas, há um oratório com um Santo Antônio. Ali é chamado o Iguatemi da Liberdade. Os barraqueiros colocaram ali o santo para festejar, e festejaram até hoje. Mas é um lugar onde só se vai para beber. O vício da bebida está fazendo os homens até se esqueceram das mulheres.

Mãe Hilda (Hilda Dias dos Santos) guarda recordações semelhantes às de seu Nadinho.
A Liberdade chamava-se Estrada da Boiada. Era barro com areia e por ali é que passavam os bois que vinham de Feira de Santana por Pirajá e pela Estrada da Boiada, para descer a Areia do Canto da Cruz, a caminho do Retiro. Para chegar até aqui, naquela época, era difícil. Vinham-se também por Calçada e por San Martim. Pela Baixa do Sapateiro, tinha que se passar na Lapinha. E vindo da Cidade Baixa, subia-se pelo Largo do Tanque.
O bairro do Curuzu surgiu da necessidade de moradia. No Curuzu não havia casas. O pessoal começou a arrendar. Os donos do lugar eram os Martins Catharino. As pessoas foram arrendando e fazendo suas casas. Hoje, só tem os filhos daquelas pessoas. Ali, naquela casa próxima a nós, moravam Crispiniana e o marido, Wenceslau.

Dona Sinhazinha (Josefina Gomes dos Santos) passou a infância na área da Liberdade que se chama Corta-Braço.

Eu morava no Corta-Braço, naquelas casas ali em frente. A proprietária da minha mãe, eu ouvia meus irmãos dizerem que se chamada dona Cota. Aquele Pero Vaz ali era todo dela. Quem mandava e desmandava era ela. De lá, meu pai me trouxe para a Alvarenga Peixoto, quando eu era ainda bem pequena. Fui criada no Abrigo do Povo, com muito orgulho.

Sr. Milton Quaresma Dórea Filho, cujos pais sempre moraram na Liberdade, escutava da avó referências à antiga Liberdade, que não diferem muito do que acima se falou.
O que ela contava era o seguinte: começou como Estrada da Boiada. Pero Vaz era chamado Corta-Braço, trecho em que havia poucas casas. Contava-se uma história de que, quando anoitecia, não se podia entrar na Pero Vaz, porque era só dos marginais aquele pedaço. Isto há 70 ou 80 anos, porque minha avó faleceu com uns 90, há 20 anos.
 Quando minha avó veio para cá, dona Júlia Junquilho Pereira, o final da linha do bonde era na Lapinha. De lá, tinha-se que vir andando. A Delegacia de Polícia era aqui vizinha da loja que pertencia a minha avó, depois veio meu pai, casou-se com minha mãe e ficou morando aqui na loja.
Minha avó era sergipana, uma mulher muito valente que usava vestidões compridos e bolsos, onde sempre havia um revólver. Viúva, morava sozinha com a filha, que veio a ser minha mãe. Todo mundo na Liberdade respeitava dona Júlia, até mesmo o pessoal famoso do Corta-Braço tinha esse respeito. Ela mantinha uma tradição de fazer fogueira de São Jõao.
Uma fogueira de três metros de altura que levava sete dias queimando. Uma ocasião, um marginal valentão do Corta-Braço que morava aqui perto mandou recado para ela apagar a fogueira que a fumaça estava incomodando. A resposta foi que ele mesmo viesse apagar. O valentão nunca apareceu.
A família do Sr. Milton Dórea é das que deram sua contribuição para o ensino no bairro da Liberdade. O Sr. Milton Quaresma Dórea, baiano, meu pai, quando se reformou da Marinha, no posto de tenente, em Mato Grosso, retornou para Salvador.
Conheceu minha mãe, casaram-se, Inicialmente, abriram uma escola de datilografia, que progrediu, tornando-se a Escola Dórea, do pré ao primário. Não sendo professor, ele cuidava da administração e tinha o professor Wilson como diretor. Por muitos anos a Escola Dórea funcionou como uma tradição do bairro.

Embora nascido na rua Direta de Santo Antônio, Sr. Arquimedes Silva veio residir na Liberdade, desde os 8 anos de idade. Hoje, é presidente da Federação dos Clubes Carnavalescos da Bahia, confirmando sua vocação para os festejos momescos. Suas recordações coincidem com outras, reproduzindo muito do que já foi dito sobre a origem da Liberdade e acrescentando novas informações muito interessantes.
Da minha lembro que todo mundo que viesse do interior deveria passar pela Liberdade, por ser o único acesso da estrada de Feira de Santana. Feira era a cidade que tinha a maior criação de gado, por isso, os bois destinados ao matadouro do Retiro, obrigatoriamente, entrariam pela Liberdade, o que deu àquela via de acesso a denominação de Estrada da Boiada. Também a Pero Vaz não tinha esse nome e, sim, Corta-Braço. Era uma estrada de 2m30, de chão de barro, sem iluminação. O local mais violento da Liberdade. Na minha infância, o bonde ia somente até o largo da Lapinha. Da usina elétrica em diante, tudo era uma estrada de barro de 3 metros de largura. Quem saltava na Lapinha tinha que andar por uma estrada de pouco mais de 2 metros de largura, até o largo do Ouro, incluindo o Japão, era tudo alagado como um dique.
O bairro Guarani não existia, ali era Corta-Braço, que hoje é o Pero Vaz e Curuzu. Aquela residência na entrada do Corta-Braço era um campo de futebol, uma roça de dona Rosa. Como também era campo de futebol ali em frente, onde hoje é a delegacia. Tinha o Meireles, local muito pobre. E um outro conhecido como Baixa da Égua, que ficava abaixo da área onde é hoje o Colégio Duque de Caxias que, na época, era um dique.
Ali, na entrada da Lapinha, era uma escola, a Arão Carneiro, mas não conheci o educador Arão Carneiro. Havia também na Liberdade a escola Abrigo dos Filhos do Povo, que era dirigida pelo pai de irmã Dulce. Foi na mesma época em que surgiu o Corta-Braço.

Autêntico filho da Liberdade é o Sr. Lídio Ferreira de Oliveira. Nascido no Estica em 1930, são, sobretudo, dessa área as suas recordações.

Essa comunidade (Estica) começou já há muitos e muitos anos, porque minha mãe já morreu na base de 90 anos e ela foi uma das primeiras moradoras. Antes, não morava gente aqui. Esse lugar era a Fonte do Estica, coberta de mato, como se fosse uma casa para uma pessoa morar. A denominação refere-se a como vivia o povo, em um estica-estica danado para pegar água. Essa invasão começa ali na entrada do Curuzu, é da mesma época da invasão do Corta-Braço. Depois dessas invasões, foi que a Liberdade começou. O último lugar foi a Baixada da Ègua. Mas, independente da fonte do Estica, havia também duas outras fontes, a fonte dos Frades e a Gengibira, que atendiam às necessidades do povo.

Homem de comunicação nas rádios, além de políticos, Sr. Antônio França Teixeira residiu no bairro entre 1956 e 1974. Conta que viveu na Liberdade parte da infância e a adolescência inteira.
Nunca de lá me afastei, a não ser nos últimos cinco ou seis anos, porque a violência ali cresceu muito e providências para contê-la, se existem, não as vejo.
Das lembranças mais ternas que me ficaram na memória, uma é o bonde que saía do bairro Guarani e ia até o viaduto da Sé. Andar nos bondes “paraquedando” era motivo de muita alegria e felicidade, mormente quando se conseguia burlar a vigilância do cobrador e não pagar a passagem. Estudei todo curso primário no colégio Abrigo dos Filhos do Povo. Lembro muito do seu mantenedor, o Dr. Augusto Lopes Pontes, pai da nossa imperecível Irmã Dulce Lopes Pontes. Recordo, com saudade, dona Ester, dona Olga, a diretora do Colégio, e muitas outras pessoas daquela casa. Com muito orgulho, fui também aluno do Colégio Estadual Duque de Caxias. Minha vocação política nasceu ali, nas participações do Grêmio, e desenvolveu-se nas campanhas de José Carlos Melo. Uma novidade naquele tempo, foi um homem, senhor Marco Antônio (aposentado do Banco do Brasil), ensinando no Abrigo dos Filhos do Povo, que era uma escola primária.

Mestre pela PUC, autor da dissertação “A constituição do Bairro da Liberdade”, professor Bartolomeu de Jesus Mendes, o “Bartola”- para seus alunos -, é senhor de vasto conhecimento sobre seu bairro.
Nasci em Maragogipe, à margem esquerda do rio Paraguaçu. Já com 7 anos de idade ia passar tempos com um tio que invadira uma pequena área na Liberdade, chamada Estica, hoje denominada Tupi Caldas. Em 1965, vim prestar serviço militar e fiquei.
Sobre a formação do Estica as informações dão conta de ter sido uma área na apropriada, cujo proprietário, senhor Cohim, que morava no largo da Soledade, tinha dívidas com a prefeitura. O senhor Cícero Gabriel, porém, informou-me outros detalhes, segundo os quais, a invasão teve início porque havia uma família numerosa, de pessoas foram ao terreno, limparam e levantaram um barraco. Dentro de poucos meses, porém, vieram muitas outras famílias e instalou-se a invasão, motivo pelo qual o Sr. Cohim deixou de pagar o aforamento. Assim surgiram o Estica e o Corta-Braço.
O bairro Guarani era uma fazenda, a fazenda Conceição, na qual seu Dudu tinha um estábulo e vendia leite. Quando eu batia umas bolinhas ali embaixo, depois ia tomar banho na fonte pública e roubar frutas de seu Dudu que nos dava muitos carreirões. A fazenda estendia-se até os lados da Gengibira, parte de São José de Cima e Largo do Tanque.
O Largo do Tanque, em 65, era um local muito pequeno, tinha muita lama. Chamava-se Tanque do Meio. Onde existe hoje a Fonte do Capim, há uma subida que vai para o Peru, ali, ainda se chama Ilha do Tanque do Meio. Saiu, certa vez, no jornal A Tarde, uma reportagem dando conta de que, onde está o Viaduto dos Motoristas, havia uma geradora que fornecia energia para a fábrica dos Fiais. Essa fábrica foi importante para muita gente como ganha-pão, não só operários, mas as mulheres que vendiam mingau na porta da fábrica e outras pessoas em iguais condições.
Já a questão da Estrada da Rainha é mais recente. Não sei muito sobre isso por ser uma parte que está fora do meu projeto, não é uma área que pertença precisamente ao bairro da Liberdade. Pelo que sei, depois da vinda de D. João VI, em 1808, dizem que aquela via foi aberta para passagem da rainha. Em frente à Estrada da Rainha fica a ladeira do Canto da Cruz. É um local histórico. Ali, aconteceu um embate por ocasião da Revolução dos Malês. Na subida, tem a imagem de uma santa. Antigamente, os que ali passavam jogavam dinheiro. Foi daquele local que os malês, sentindo-se vencidos naquela batalha, fugiram para os Mares. Canto da Cruz, ou Água Brusca, era uma via de acesso da cidade baixa para a ladeira da Soledade, que é onde acabava a cidade. Moravam ali famílias importantes, como os Bandeira, que tinham na ladeira uma mansão, na qual havia um terraço voltado para o mar, um mirante espetacular. Nessa época, ainda não tinham aterrado Água de Meninos, o que aconteceu depois de Seabra.
Na Lapinha, existe um baluarte. Foi colocado depois da invasão de Maurício de Nassau, que entrou por Praia Grande e atingiu a igreja. O forte do Barbalho também foi construído para proteger o lado norte da cidade. Esses acontecimentos fazem daquela área, Água Brusca, Soledade, Lapinha e Barbalho, um centro histórico.
No ano de 1946, surgiu a primeira invasão de Salvador. No Corta-Braço, provocada por sem-tetos. A história vem de longe. Até 1802, a Liberdade era zona rural. O fim da cidade era na Soledade. A Lapinha estava fora do perímetro urbano. A zona rural era ladeada por propriedades de religiosos, sítios, chácaras, etc. Com o advento do progresso,os pardieiros, situados na Sé, Garcia, Passos, nos quais se alojava a população não branca, de baixo poder aquisitivo, começaram a ser demolidos, então o pessoal de poucos recursos migrou para o norte, onde a Península ligava-se a outras partes, como a Liberdade. Por outro lado, as classes dominantes que residiam em freguesias como a de Santo Antônio, por exemplo, sentiam-se inferiorizadas pelo convívio com famílias de condição social mais baixa, e, aos poucos, foram-se transferindo para lugares mais nobres, ao sul da cidade, como Barra e Vitória. Por esse período, também estava acontecendo o fluxo migratório das populações interioranas, que se dirigiam a Salvador, como opção de melhoria de trabalho, etc. Sem condição para receber tanta gente, a cidade cresceu para a zona tida como rural, aconteceu o surgimento de novos bairros.
O antigo Corta-Braço, que teve início com aquelas invasões, corresponde hoje a Pero Vaz, pegando do Meireles até a rua Conde de Porto Alegre, que dá acesso ao bairro do IAPI.
Não havia líderes para as invasões. Grupos instalavam-se como rendeiros e acabavam unindo-se a outros grupos, aconteciam embates com a política, e iam sendo formados os novos bairros.
Nos anos 46 e 47, o Partido Comunista, que estava em efervescência, e coagido à clandestinidade, começou a envolver-se, mas nunca foi líder das invasões. O movimento era do povo carente de habilitação.

Grandes recordações tem o Sr. Geraldo Leal, que se revela conhecedor de famílias e prédios tradicionais da Lapinha e Soledade.

Há duas versões para a origem da Estrada da Rainha. São coisas interessantes, até a nomenclatura tradicional dessas ruas era cheia de poesia. Todos esses nomes deveriam ser mantidos, são históricos, Salvador é uma cidade histórica.
Dizem que, quando D. Pedro II passou aqui em Salvador, esteve visitando as Quintas dos Lázaros, ali, onde hoje é o Arquivo Público, passando pela rua que liga a Soledade às Quintas. Como a rainha o acompanhava, chamaram à rua Estrada da Rainha. A outra versão conta que, uma vez que aquela rua dá acesso ao Cemitério de Quintas, e o povo costuma chamar a morte de rainha, nada mais natural que seja ali a Estrada da Rainha.
Sobre a ladeira do Canto da Cruz, a coisa mais bonita é o nome. Ninguém sabe a razão do nome. Do meu tempo pra cá não vimos , referência à existência de alguma cruz naquele local. Ela tem início no sopé das ladeiras São José de Cima e São João de Baixo que se encontram com a base da ladeira da Soledade. Descendo na direção de Água de Meninos, vem a ladeira do Canto da Cruz. Sempre foi calçada com pedras coração-de-negro e sempre foi esburacada como hoje.
Quanto à Lapinha, o Corredor começa ali onde acaba o largo da Soledade. Nesse largo, encontra-se a escultura de Maria Quitéria. O Corredor era uma rua estreitinha. O bonde que subia já era elétrico, inaugurado em 1913. O anterior, puxado a burro, não subia a Soledade para ir à Lapinha, ficava lá embaixo indo para Calçada.
Lembro-me bem, foi em 29 de janeiro de 1913 que se inaugurou o bonde elétrico na Lapinha. O pessoal todo acorreu, as sacadas ficaram apinhadas de gente, as moças carregando flores, uma festa! O bonde atravessou o Marback, entrou pelo caminho de Ramos de Queiroz, da Escola Técnica pelo fundo, chegou à Baixada da Soledade e subiu para a Lapinha. Isso era a substituição dos bondes puxados a burro pelos elétricos. Na Liberdade, o bonde entrou em 1929 ou 1930.
Muito mais tarde, o Corredor da Lapinha foi alargado. Era o governo de Antônio Carlos Magalhães. Derrubou todas as salas de visitas, porque nas casas antigas havia salas de visitas. Mas por muito tempo a rua ainda estreita, o bonde, de início, passava pela única linha, não havendo outra para retorno. Quando um carro chegava no final do largo da Soledade, para entrar no Corredor, teria que receber sinal verde de uma sinaleira colocada no alto. Se o sinal estivesse vermelho, era aviso de que outro bonde estava na Lapinha, era preciso esperar o que retornasse pegar o desvio para aquele entrar no Corredor. Lembro-me de que o carro da Lapinha tinha a numeração 25 e o da Liberdade era o 8. Conheci alguns motorneiros, um deles era até meu compadre, o Guimarães, que trabalhou na cidade baixa. Também conheci um outro que dirigia o 83, linha de Santo Antônio.

Senhor Antônio de Souza Bispo, artista plástico, aposentado da Aeronáutica, nascido na Liberdade, registra sua memória.   
Nasci na Liberdade em 15 de fevereiro de 1936. Morei no Alonso, perto do Corredor da Lapinha. Saí do bairro em 1953, quando fui para Recife. Em 56, entrei para a Aeronáutica onde passei 35 anos e me aposentei em 1984. Meus pais foram Bartolomeu Quirino Bispo e Alzira Souza. Quando morei na Liberdade, já existia o Corta-Braço.
O transporte era feito de bonde. Estava começando o costume de carros de lotação. Um colega meu, Olímpio, era filho de dono de carro lotação, uma rural Aero Willys.
Estudei no Arão Carneiro cuja diretora era professora Laura Baraúna, moradora da Lapinha. Ta, que morava no Papagaio. Depois, no Carneiro Ribeiro. Tinha estatura média, era branco, de olhos claros, muito enérgico, mas uma boa pessoa. Tinha coração enorme. Ele tinha um problema de surdez e, quando não usava o aparelho, os alunos faziam muitas brincadeiras indelicadas com ele.
Meu ginásio, concluí no Instituto Baiano de Ensino, do professor Hugo Balthazar d Silveira, no Campo da Pólvora. Em seguida, terminando o ginásio, fui para Recife ficar com minha irmã.


Livro Salvador era assim, Vol. 2 autora Gláucia Lemos.